Um Telefonema, e Tudo Novo
- Oi, é a tia Fulana. A despeito de qualquer incômodo, achei que tu precisava saber que teu pai faleceu. Velório no horário tal, enterro tal hora, em tal local.
Susto, claro ("Peraí, eu ainda tinha pai?"). Finalmente era órfão de pai, de direito. De direito, pois foi uma vida crivada de negligência, de ausência deste senhor. Não que eu queira falar mal dos mortos - até pq pra mim ele há mais de década não existia, de qualquer forma.
Desejo que ele tenha uma passagem tranquila, dentro do possível, que tenha evoluído e resgatado alguma coisa nesta existência, para que sua próxima vinda seja mais leve.
Os sentimentos em mim agora são confusos: não o odiava, por isso não fico feliz com sua morte. Não o amava, portanto não fiquei triste nem chateado. Mas sei que o telefone e a notícia, mexeram comigo, de alguma forma.
A única coisa clara que sinto acaba de ser reforçada: Quero estar presente em todos momentos possíveis na vida do meu filho Caio, que eu possa apoiá-lo e nunca decepcioná-lo, a ponto de a notícia de minha morte não fazer a mínima diferença numa manhã nublada de um dia qualquer.
Desculpe pai, você fez (ou melhor: não fez) por merecer.
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