segunda-feira, 21 de dezembro de 2015


Um Telefonema, e Tudo Novo

- Oi, é a tia Fulana. A despeito de qualquer incômodo, achei que tu precisava saber que teu pai faleceu. Velório no horário tal, enterro tal hora, em tal local.

Susto, claro ("Peraí, eu ainda tinha pai?"). Finalmente era órfão de pai, de direito. De direito, pois foi uma vida crivada de negligência, de ausência deste senhor. Não que eu queira falar mal dos mortos - até pq pra mim ele há mais de década não existia, de qualquer forma.

Desejo que ele tenha uma passagem tranquila, dentro do possível, que tenha evoluído e resgatado alguma coisa nesta existência, para que sua próxima vinda seja mais leve.

Os sentimentos em mim agora são confusos: não o odiava, por isso não fico feliz com sua morte. Não o amava, portanto não fiquei triste nem chateado. Mas sei que o telefone e a notícia, mexeram comigo, de alguma forma.

A única coisa clara que sinto acaba de ser reforçada: Quero estar presente em todos momentos possíveis na vida do meu filho Caio, que eu possa apoiá-lo e nunca decepcioná-lo, a ponto de a notícia de minha morte não fazer a mínima diferença numa manhã nublada de um dia qualquer.

Desculpe pai, você fez (ou melhor: não fez) por merecer.


sábado, 13 de dezembro de 2014

O PALHAÇO ESTÁ SÓ

Não é o primeiro show em que isso acontece. A música acaba, o show termina, os aplausos silenciam e ali está ele. Cansado e sozinho. Sozinho. Vendo a todos os outros com suas companhias - amigos, colegas, namoradas, e ele sozinho. Doi, doi muito. Doi porque quando ele casou, a última coisa que ele achava que sentiria era essa solidão, era essa tristeza.
Doi sobretudo pelo fato de todos esforços feitos para acompanhar sua amada a shows que ela queria, que ela gostava, e aquele ali era apenas mais um show em que ela o deixava só. Desde um telefonema choroso por não se sentir bem com roupa alguma, passando pelo momento em que "veria se tivesse clima" para ir a outro show até apenas um seco e desgostoso "não" a mais um convite para vê-lo cantando. 
Talvez ela não lembre que quando ele canta, ela canta pra ela, como tem feito desde há muito tempo...
Ela não lembra, ele nunca esquece. Tão triste ver as pessoas felizes e bem acompanhadas e ele ali, com sua mochila, contando os minutos para poder estar em casa. Sozinho. 
As coisas não andam lá essas coisas, é verdade. Mas ninguém merece estar sozinho daquela forma, como se fosse parte apenas da mobília, do cenário, vendo as pessoas e os sorrisos passando enquanto engole a tristeza e o choro.
Tudo que ele queria naquele momento era um forte abraço, um elogio, um toque ou até mesmo uma crítica dela, mas que fosse dita ao vivo, segurando sua mão. Ele queria uma esposa, uma companheira ali. Ele tinha casado para acompanhar e ser acompanhado, para dar carinho e também recebê-lo, para amar e ser amado. Mas ali estava ele: com seu chapéu, agarrado à sua mochila e sozinho. Sozinho.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Capítulo UM (isso se não for o único)

Por sugestão da Luciana resolvi retornar ao mundo dos blogs - não sei se isso é bom ou ruim pra vocês ou para mim. Mas eis as regras deste jogo: falo principalmente de cinema, música. Falo bem, muito bem do que eu curto e taco pedra no que não gosto, às vezes desabafo. Não espero que concordem muito comigo também. Cheio de parênteses, vírgulas e travessões, comento um pouco de tudo (e também discuto) sempre com a paixão de fã. Isto posto, damos por abertos os trabalhos nesta bagaça. Gostou? Fica à vontade: o que tenho a oferecer é pouco, mas de coração. Não gostou? Abraço e passe bem.